Promoção!
João Firmino

Um dia as canas tocarão nos céus?

João Firmino publica o seu segundo romance, Um dia as canas tocarão nos céus?, um intenso texto autobiográfico. Um depoimento de como foi crescer para um homem (…) que se fez adulto nos anos 80.(…) que, entre várias coisas, aprendeu a identificar-se como gay e recusou ser estigmatizado como homossexual. (…)

19,90  10,00 

Um dia as canas tocarão nos céus?

SKU AE-1116LV1-1 Category

Descrição

João Firmino publica o seu segundo romance, Um dia as canas tocarão nos céus?, um intenso texto autobiográfico. Um depoimento de como foi crescer para um homem (…) que se fez adulto nos anos 80.(…) que, entre várias coisas, aprendeu a identificar-se como gay e recusou ser estigmatizado como homossexual. (…)

João Firmino nasceu a 6 de Setembro de 1959, em Lisboa. Compõe música e escreve poesia, prosa poética, romance e contos. Licenciou-se e concluiu mestrado em Psicologia no ISPA e exerce actividade profissional nos serviços de Reinserção Social. Participou em coletâneas de poesia e em 2005 publicou o livro – Uma Ponte Para o Infinito (Poesia), MJ Real Imo Editora, Setúbal. Em 2006 publicou Mas Eu Construí e em 2007 O Tempo do Não Tempo, poesia e prosa, Papiro Editora, Lisboa. Em 2008 publicou o primeiro romance/crónica, O Crime dos Velhos da Camarra, Papiro Editora, Lisboa. Em 2009 volta a publicar poesia com o título A Janela da Minha Casa, (Poesia, Crónica e contos), Papiro Editora, Lisboa. Publica agora o romance autobiográfico Um dia as canas tocarão nos céus?, ambiguaedições, Évora.

(Este livro) É uma história sobre uma geração ou um grupo dentro de uma geração que foi e é a geração das incertezas, a geração da desilusão, a geração que teve a promessa da liberdade e do desenvolvimento e teve liberdade e desenvolvimento de facto, mas cujos sonhos e aspirações, na maioria dos casos continua a morrer na praia e continua à espera do pais prometido (…) A importância deste texto é essa. O não ser só uma coisa. Mas ser o começo de várias coisas. É por isso que Um dia as canas tocarão nos céus? é importante, porque é um começo, um primeiro grito a mostrar, a escancarar aquilo que antes em Portugal não foi dito (…) É a história desse crescimento, na versão do que foi dado viver e assistir ao seu autor, que aqui está. Um depoimento de como foi crescer para um homem nascido em Portugal que se fez adulto nos anos 80. E que, entre várias coisas, aprendeu a identificar-se como gay e recusou ser estigmatizado como homossexual. Mas que, nem por isso, deixou de ser um ser desiludido.

(São José Almeida, jornalista e escritora)

Antes do surgimento do associativismo, o meio gay resumia-se essencialmente ao mundo noturno de bares, discotecas e saunas e ao engate de rua, centro comercial, parque ou jardim público, praia e estação de comboios, semi-clandestino, envergonhado, culpabilizante, invisível, tolerado, nem sempre seguro e decerto que protegido por maneirismos, praxes, regras e provas de fogo que provocavam no noviço um sentimento de não-pertença semelhante ao da rejeição social na sua comunidade ou família de origem. Nada convidativo e nada facilitador, portanto, de um autêntico modo de vida gay, de resto reservado a círculos restritos e relativamente estanques providos de recursos sociais, económicos e culturais suscetíveis de sustentar uma forma incipiente daquele. Um dia as canas tocarão nos céus? descortina um pouco desse mundo, mas sobretudo o tipo de subjetividade a ele normalmente associado

(A. Fernando Cascais, Professor auxiliar da FSCH da UNL)

Só quem se reergue por entre os estragos, os destroços, as ruínas íntimas da auto-rejeição, do ódio de si, da homofobia interiorizada, por ela precipitados, é que sabe o que é o orgulho, essa coisa tão alheia, tão incompreensível, tão arrogante e até tão afrontosa, aos olhos de quem não passou pelo processo. Só quem sabe o que significa reconstruir-se a partir da devastação é que pode entender que o orgulho passa por ousar desejar ser aquilo que se é e, mais do que isso, aquilo que se quer ser. Um dia as canas tocarão nos céus? dá-nos a ver o percurso que vai do fazerem-nos homossexuais ao reconstruirmo-nos como gays e no qual muitos sem dificuldade se reconhecerão.

(A. Fernando Cascais, Professor auxiliar da FSCH da UNL)

 

 

Nos meados dos anos 50 do século XIX, nasceu no Barreiro um cidadão, que se tornou republicano e livre-pensador, e que devido à sua ousadia em dedicar a sua vida à promoção daquelas ideias, na altura ainda subversivas e revolucionárias, foi acusado de um crime que não cometeu e encarcerado, acabando por morrer na cadeia, fulminado de desgosto e ferido de morte na honra e brio pessoal, antes de conseguir provar a sua inocência. Aquela morte, terminando o percurso do revolucionário numa porta que dá para o vazio, arrastou igualmente sucessivas gerações num forte estigma social, que cresceram numa espécie de interdito e de vazio que não sabiam nomear. No final dos anos 50 do século XX, Rodrigo, bisneto do mártir republicano, nasceu no interior daquele vazio, impregnado de vida e morte, de ditos e não ditos, de estigmas e afeições, como se essas marcas fossem sinais de um propósito que só muito mais tarde, na maturidade da vida, compreenderia o significado.

Este livro é um testemunho autobiográfico que identifica uma determinada geração fortemente identificada com a utopia do 25 de Abril de 1974. No entanto, ao invés de se afirmar e se desenvolver nos paradigmas de liberdade, fraternidade, e construção de um mundo mais justo, esta geração consumiu-se e des-construiu-se num percurso feito de estigmas, interditos e vazios, que teimavam em desfazer-se. Ou, em outros casos, auto-mutilou-se irreversivelmente num percurso de overdose, de sida e de suicídio. O testemunho autobiográfico de uma personagem que viveu a utopia do 25 de Abril, aos 14/15 anos, mas cuja maturação, nos anos 80 e 90, ao invés de afirmar aquela utopia e afirmar-se, foi encontrando dificuldades acrescidas, descobrindo que, afinal, a sua geração era uma geração para a morte e para a desconstrução. Foi uma geração sacrificada, que viveu o estigma do corpo e da sexualidade, as drogas e as overdoses, a sida e a morte, com alguns suicídios de permeio.

O propósito deste livro é também contribuir para lançar uma discussão sobre esta geração “sacrificada” e o seu papel de charneira para a nova geração de jovens, onde aparentemente já não reside o estigma da (homo)sexualidade, o pavor da sida e a compulsão para o consumo dos estupefacientes.

 

 

 

 

Informação adicional

Peso 428 g
Dimensões (C x L x A) 230 × 157 × 20 mm
ANO

2011

ISBN/Cód. Barras

978-972-99527-7-7

Avaliações

Ainda não existem avaliações.

Seja o primeiro a avaliar “Um dia as canas tocarão nos céus?”